O tubarão-azul (Prionace glauca), também conhecido como tintureira, é uma espécie tipicamente oceânica que pertence à família Carcharhinidae. Esta espécie pode ser encontrada em águas temperadas e tropicais um pouco por todo o mundo, sendo uma das espécies mais abundantes no Oceano Atlântico, presente também na costa Portuguesa e mar Mediterrâneo.

Este tubarão pode ser facilmente identificado pela sua coloração azul característica e pelo seu corpo alongado e esguio, chegando a atingir cerca de 4 metros de comprimento. É conhecido pela sua grande capacidade de adaptação e movimentação, fazendo grandes migrações e atingindo normalmente profundidades de cerca de 350 metros, embora já alguns investigadores tenham descrito mergulhos até aos 650 metros de profundidade.

O tubarão-azul alimenta-se habitualmente de cefalópodes e peixes, embora em alguns estudos tenham sido encontrados mamíferos marinhos no seu conteúdo estomacal, facto este que reforça a ideia do comportamento oportunista desta espécie.

No oceano Atlântico, e um pouco por todo o mundo, o esforço de pesca tem vindo a aumentar e os seus efeitos adversos têm-se feito notar ao longo dos anos em muitas espécies marinhas. A maioria dos tubarões é particularmente vulnerável à sobre exploração devido às suas características biológicas e ritmos reprodutivos baixos, o que lhes confere pouca capacidade de resposta ao excesso de pesca.

O tubarão-azul, embora muito abundante, é uma das espécies de tubarão mais comercializadas, especialmente as suas barbatanas. E segundo relatórios da FAO, é também uma das espécies mais frequentemente capturadas como “bycatch” tanto na pesca de atum como de espadarte, camarão e lulas. O “bycatch” ao provocar o aumento desnecessário da mortalidade de espécies com estas características, afecta a biodiversidade existente nos nossos oceanos, removendo grandes predadores e presas até níveis considerados insustentáveis.

De acordo com a lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN, publicada em 2008, o tubarão azul possuí um estatuto de conservação considerado de pequeno risco embora a população do Mediterrâneo esteja listada entre as espécies vulneráveis alertando para necessidade do estabelecimento de planos de monitorização e conservação para a manutenção dos seus efectivos populacionais. Em Portugal e à semelhança de muitos outros países, não existe nenhum tipo de regulamentação na pesca desta espécie, sendo também necessários estudos mais completos sobre a sua ecologia e comportamento.

Texto: Ana Mendonça
Fotos: Wikimedia commons