Após o género Tegenaria ter sido escolhido como representante da família Agelenidae em 2008, eis que esta família volta a estar representada em 2011 com a Aranha-de-labirinto, Agelena labyrinthica.

Esta espécie é uma das cerca de 500 conhecidas desta família distribuídas por todo o Mundo. Na Europa existem cerca de 150 espécies e em Portugal a família está representada por 27 espécies.

Um caracter taxonómico importante desta família é o par de fieiras posteriores bem proeminentes e facilmente reconhecíveis. Na Aranha-de-labirinto, estas fieiras são particularmente longas. Em termos de tamanho, podemos considerá-la como uma aranha de tamanho médio com os machos a atingirem os 8 a 12 mm e as fêmeas 10 a 15 mm de comprimento total do corpo (patas excluídas).
A carapaça é castanho-avermelhada escura, com duas bandas laterais largas e uma mediana de pubescência castanho-acinzentada clara.
O abdómen é acinzentado, com duas faixas negras longitudinais mais fortes na parte anterior e várias linhas circunflexas, transversais mais claras. Face ventral amarelada com pubescência branca, vagamente bordeada de uma banda mais escura, muitas vezes, com pequenos pontos.
As patas são castanhas com pubescência clara e algumas manchas dispersas mais escuras.

Esta espécie constrói uma grande toalha branca e densa com uma zona em tubo construída entre arbustos (rente ao chão, raramente mais alta até 1m) e aberta em ambas as extremidades. No total, a teia pode rondar os 50 cm.
Quando um insecto cai na zona da toalha, a aranha detecta-o pelas vibrações da teia e sai rapidamente do esconderijo tubular e ataca-o com as quelíceras arrastando-o para a entrada do tubo depois de dominado. A teia possui também uns fios dispersos por cima da toalha que servem como alarme para se esconder.
Insectos mais pequenos que fiquem presos nestes fios, mesmo sem entrarem em contacto com a teia de captura, podem ser localizados pela aranha através das tricobótrias (pêlos muito finos ligados a terminais sensoriais e que captam pequenas vibrações) que funcionam como um sistema de detecção de longa distância.

Os olhos desempenham também um papel importante para a orientação da aranha. Além de reagir a grandes objectos na vizinhança, a aranha consegue orientar-se através da luz polarizada do sol que capta com os olhos medianos anteriores.
O acasalamento ocorre na teia da fêmea. Os machos procuram as fêmeas, e enviam sinais batendo na teia. A cópula realiza-se, normalmente, à entrada do esconderijo e dura cerca de 90 minutos, durante os quais a fêmea se mantém imóvel. No final, é frequente a fêmea perseguir o macho e tentar capturá-lo mas podem também coabitar na mesma teia durante algumas semanas.

Para pôr os ovos, a fêmea constrói um grande ninho a mais de um metro do solo, em arbustos ou árvores. Este ninho é muito denso e possui uma estrutura interna em labirinto e frequentemente uma camuflagem externa de folhas. Os ovos (50 a 130), são postos aproximadamente um mês após a cópula numa ooteca de seda branca, suspensa dentro de uma câmara maior. É guardada pela fêmea até esta morrer. Quando as crias eclodem, em finais de Outono ou Inverno, permanecem no ninho até à Primavera, altura em que se dispersam em busca de novos locais para construirem as suas próprias teias.

Não será difícil cruzarmo-nos com a Aranha-de-labirinto num passeio pelo campo no próximo Verão de 2011 e vê-la aguardando pacientemente à entrada da sua imponente teia de seda muito branca por alguma presa. Iremos certamente ter oportunidade de observar esta magnífica espécie de movimentos rápidos a alimentar-se e a reparar habilidosamente a teia. Esperemos ansiosamente para a descobrir!

Christoph Hörweg
Ricardo Ramos da Silva

Contact:
Germany, Austria:
Mag. Christoph Hörweg, Naturhistorisches Museum Wien, 3. Zoologische Abteilung, Burgring 7, A-1010 Wien, Österreich
E-Mail: christoph.hoerweg@nhm-wien.ac.at
Europa:
Dr. Milan Řezáč, Department of Zoology, Charles University, Vinicna 7, 128 44 Praha 2, Czech Republic
E-Mail: rezac@vurv.cz

Países envolvidos: (84 jurados de 24 países)
Albania, Austria, Belgium, Bulgaria, Czech Republic, Denmark, Finland, France, Germany, Great Britain, Hungary, Ireland, Italy, Liechtenstein, Netherlands, Norway, Poland, Portugal, Sweden, Switzerland, Serbia, Slovakia, Slovenia, Spain

Sociedade apoiantes
* Arachnologische Gesellschaft e.V. AraGes   www.arages.de
* Belgische Arachnologische Vereniging/Société Arachnologique de Belgique ARABEL       
www.arabel.ugent.be
* The British Arachnological Society (BAS)   www.britishspiders.org.uk
* European Invertebrate Survey-Nederland, Section SPINED
* European Society of Arachnology ESA   www.european-arachnology.org
* Grupo Ibérico de Aracnología (GIA) – Sociedad Entomológica Aragonesa (SEA)
http://gia.sea-entomologia.org
* Naturdata – Biodiversidade online   www.naturdata.com

Mapas de distribuição e fotografias:
Alemanha
http://www.spiderling.de/arages/Verbreitungskarten/
Republica Checa
http://www.pavouci-cz.eu/Pavouci.php?str=Agelena_labyrinthica
Portugal
http://naturdata.com/Agelena-labyrinthica-13303.htm
http://www.pbase.com/emidiomachado/agelena_labyrinthica
Países BeNeLux
http://www.tuite.nl/iwg/Araneae/SpiBenelux/?species=Agelena%20labyrinthica
Europa em geral
http://www.spiderling.de/arages/OverviewEurope/
http://www.eurospiders.com/Agelena_labyrinthica.htm

Literatura
Bellmann H. (2006): Kosmos-Atlas Spinnentiere Europas.– 3. Auflage, Stuttgart, Kosmos, 304pp.

Blick T., Bosmans R., Buchar J., Gajdoš P., Hänggi A., van Helsdingen P., Ružicka V., Starega W. & Thaler K. (2004): Checkliste der Spinnen Mitteleuropas. Checklist of the spiders of Central Europe. (Arachnida: Araneae). Version 1. Dezember 2004. – Internet: http://www.arages.de/checklist.html#2004_Araneae (10.11.2010)

Foelix R.F. (1992): Biologie der Spinnen. – 2. Auflage, Georg Thieme Verlag, Stuttgart, 331pp.

Görner P. & Andrews P. (1969): Trichobothrien, ein Ferntastsinnesorgan bei Webespinnen (Araneen). – Zeitschrift für vergleichende Physiologie 64: 301-317.

Hänggi A., Stockli E. & Nentwig W. (1995): Lebensraume mitteleuropäischer Spinnen. Charakterisierung der Lebensräume der häufigsten Spinnenarten Mitteleuropas und der
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Heimer S. & Nentwig W. (1991): Spinnen Mitteleuropas. – Verlag Paul Parey, Berlin, Hamburg, 543pp.

Pfletschinger H. (1976): Einheimische Spinnen: Die Webespinnen – Arten und Verhalten mit 120 Farbfotos. – Kosmos, Gesellschaft der Naturfreunde Franckh’sche Verlagshandlung, Stuttgart, 71pp.

Platnick, N. I. (2010): The world spider catalog, version 11.0. American Museum of Natural History, online at http://research.amnh.org/entomology/spiders/catalog/index.html (10.11.2010)

Reichholf J.H. & Steinbach G. (1992): Die grosse Enzyklopädie der Insekten, Spinnen- und Krebstiere. Band 1. – Bertelsmann Lexikon Verlag, München: 360pp.

Sauer F. & Wunderlich J. (1997): Die schönsten Spinnen Europas. Fauna-Verlag, Karlsfeld, 5. Auflage, 296pp.

Staudt A. (2010): Nachweiskarten der Spinnentiere Deutschlands (Arachnida: Araneae, Opiliones, Pseudoscorpiones). – Internet: http://www.spiderling.de/arages; bzw. für A. labyrinthica: http://www.spiderling.de/arages/Verbreitungskarten/Karte1.php?Art=12 (10.11.2010)