Lepus granatensis Rosenhauer, 1856

Lebre

Morfologia de Lepus granatensis

 © Emídio Machado
 © Emídio Machado
 © Miguel Berkemeier
 © Miguel Berkemeier
 © Emídio Machado
 © Faísca

Informação detalhada sobre Lepus granatensis

Morfologia
Altura ao garrote: 11,2 – 12cm.
Peso: Em média varia entre 2 e 2,6kg. As fêmeas podem atingir até 3,3kg e os machos 2,95kg. 
Comprimento: 48-68cm (cabeça-corpo).
Dimorfismo sexual - ligeiro

Ecologia
Origem – Nativa
Distribuição – Ibérica, Introduzida em França
Habitat – Ocorre em diversos tipos de habitats, utilizando preferencialmente zonas com clareiras com algumas pedras e árvores. Habita em florestas montanhosas, zonas agrícolas como campos cerealíferos, hortas, campos regadios, pomares e olivais. Na região mediterrânica, a espécie usa principalmente zonas de matagal, montado, baldios e ruderais podendo ainda ser avistada em regiões dunares junto à costa.
Guilde Trófica - Herbívoro
Estatuto de Proteção – Pouco preocupante
Relação com o Homem – Cinegética, a espécie é utilizada para consumo humano e caça desportiva.
Ameaças – Destruição de habitat, alteração nos métodos agrícolas, caça furtiva e captura para animais de companhia e atropelamentos.
Doenças e Parasitas – A espécie é parasitada por Cestodes como Taenia pisiformis, Nemátodes como por exemplo: Nematodirella sp., Nematodirus sp. e Trichostrongylus retortaeformis. Podem também ser parasitados por protozoários e infetadas com o tripanossoma da Leishmania infantum.

Predadores: Águia-real (Aquila chrysaetos), Bufo-real (Bubo bubo), Gato-bravo (Felis silvestris), Raposa-vermelha (Vulpes vulpes)

Descrição Geral
A lebre-ibérica e a lebre-europeia (Lepus europaeus) sobrepõem a sua distribuição no nordeste de Espanha sendo habitualmente confundidas devido à sua semelhante morfologia. A lebre ibérica tem as patas e a cauda brancas e não apresenta nenhuma mancha na cabeça, tal como a lebre europeia. Contudo as duas espécies podem ser diferenciadas através da dimensão da mancha branca ventral, que é maior na lebre-ibérica. A espécie tende ainda a apresentar um menor porte quando comparada com a lebre-europeia. As orelhas da lebre ibérica têm um tamanho que varia entre 94 e 103 cm. Destacam-se ainda os seus hábitos crepusculares e noturnos.
Reprodução
A lebre-ibérica tem um período de reprodução que decorre ao longo de todo o ano mas com menor intensidade ao longo do período de Setembro – Dezembro. As ninhadas têm habitualmente 2 crias e ocorrem habitualmente 3 a 4 por ano. Após uma gestação que dura entre 41-42 dias as crias nascem com um peso que varia entre 62 e 82 g. Tal como ocorre na maior parte das espécies de lebre as crias nascem com os olhos já abertos e com pêlo.
Ecologia alimentar
A espécie apresenta um regime alimentar herbívoro, sendo a sua dieta maioritariamente constituída por gramíneas. Alimenta-se habitualmente de folhas e talos mas durante o verão tende a alimentar-se de arbustos e flores. Alimenta-se ainda de frutos, sementes e casca de árvore.
Organização social
Esta espécie é social e não territorial, mas os seus grupos são bem estruturados e apresentando posições hierárquicas demarcadas durante a reprodução. O domínio vital desta espécie tende a variar entre 11 e 300ha, sendo maior nos machos do que nas fêmeas. Ocorre sobreposição de território entre animais da mesma espécie (sejam estes de igual ou diferente sexo) sem existir competição, exceto durante a reprodução.
Medidas de Conservação
Não existe legislação em Portugal para proteção da Lebre-ibérica. Encontra-se protegida no apêndice III da convenção de Berna.
Curiosidades
É um dos mamíferos da península ibérica que mais variedade de habitats ocupa, estando presente desde o nível do mar na zona Mediterrânica até aos 2000m de altitude na Serra da Estrela. Durante muito tempo foi considerada como sendo uma espécie junta com a Lebre-europeia (Lepus europaeus) ou com a Lebre-do-cabo (Lepus capensis), mas estudos genéticos e morfológicos confirmaram que são espécies diferentes.
Referencias
Alves P.C., Gonçalves H., Santos M., Rocha A. (2002). Reproductive biology of the Iberian hare, Lepus granatensis, in Portugal. Mammalian Biology 67:358-371
Alzaga V.,   Vicente J., Villanua D., Acevedo P., Casas F., Gortazar C. (2007). Body condition and parasite intensity correlates with escape capacity in Iberian hares (Lepus granatensis), Behavioral Ecology and Sociobiology, 62:5:769-775
Duarte, J. (2000) Liebre ibérica (Lepus granatensis, Rosenhauer 1856). Galemys 12:13–14
Freitas, H. M. (2006). Natural hybridization between the Iberian hare (Lepus granatensis) and the brown hare (L. europaeus) in northern Iberian Peninsula. MSc thesis Dissertation, Porto Univerity
Paupério J. M. J. P. (2003). ECOLOGIA DE LEBRE-IBÉRICA (Lepus granatensis) NUM ECOSSISTEMA DE MONTANHA,MSc Dissertation, Porto Univerity
Molina, R., Jiménez M.I., Cruz, I.,Iriso, A., Martín-Martín I.,Sevillano, O., Melero, S., Bernal, J. (2012). The hare (Lepus granatensis) as potential sylvatic reservoir of Leishmania infantum in Spain. Veterinary Parasitology, 190:1-2:268-271
Purroy, F. J. (2011). Liebre ibérica. Lepus granatensis. En: Enciclopedia Virtual de los Vertebrados Españoles.
Smith, A.T. & Johnston, C.H. (2008). Lepus granatensis. In: IUCN 2012. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2012.2. <www.iucnredlist.org>
 

Distribuição de Lepus granatensis em Portugal