É uma das famílias de dípteros com maior número de espécies (cerca de 880 na Europa e 10000 em todo o Mundo).

As espécies desta família são muito comuns num grande número de habitats, no entanto o seu ciclo de vida passa despercebido à maioria das pessoas.
Todas as espécies são parasitóides de artrópodes, significa isto que as suas larvas vivem no interior de um hospedeiro do qual se vão alimentando com todo o cuidado para evitar danificar os seus órgãos vitais, já que necessitam que este se mantenha vivo até a larva estar pronta para pupar. A saída da larva de mosca do interior do hospedeiro provoca quase sempre a morte deste último.
O grupo mais atacado pelos taquinídeos são as larvas de borboletas (Lepidoptera), embora a diversidade de presas seja enorme indo desde coleópteros, louva-a-deus, centopeias e mesmo escorpiões, entre muitos outros.

Ao contrário dos himenópteros, as moscas não apresentam ovipositores perfuradores tendo por isso que desenvolver estratégias alternativas para depositar a sua descendência nos hospedeiros. Os “truques” que estas moscas desenvolveram para ultrapassar esta desvantagem inicial são extraordinários e muito diversificados.
Dando uma vista de olhos por todas estas artimanhas salta-nos logo à vista que existem espécies que depositam os ovos no hospedeiro, a chamada oviposição directa, enquanto que outras largam a sua descendência afastada dos hospedeiros, a oviposição indirecta.
Na oviposição directa temos espécies que colocam os ovos sobre o hospedeiro e outros que o fazem introduzindo-os no interior do corpo da presa. Estes últimos, como não possuem ovipositores perfuradores (homólogos ao ferrão das vespas e abelhas), desenvolveram uma estrutura a partir dos esternitos (segmentos corporais) que faz a vez de um. A origem destas estruturas perfuradoras pode estar relacionada com a vantagem evolutiva de os ovos não serem destruídos pelo hospedeiro ou perderem-se ao ficarem agarrados à velha cutícula assim que este realize uma muda.
Mas o tempo perdido na procura de um hospedeiro adequado e as terríveis defesas que estes possuem, podem estar na origem do aparecimento da oviposição indirecta.
Um exemplo de uma espécie que apresenta este tipo de oviposição é Dexia rustica. Os hospedeiros desta espécie são larvas de escaravelhos que vivem no solo, o que torna impossível à mosca fêmea ovipositar directamente sobre estes. Em vez disso, põe os ovos na vizinhança do microhabitat das larvas de escaravelho e quando as larvas de mosca eclodem enterram-se no substrato e procuram activamente as suas presas.
Encontramos outro exemplo de oviposição indirecta na espécie Tachina fera. No caso desta espécie, as jovens larvas acabadas de eclodir montam uma emboscada a uma qualquer presa adequada que tenha o azar de se cruzar com elas. Mantendo-se quietas, tomam a posição de ataque assim que sentem a vibração provocada pelo hospedeiro.
Muitas espécies partilham este método com Tachina fera: já que muitas larvas de borboleta são activas apenas de noite, isto impede que as fêmeas de taquinídeos, que possuem actividade diurna, as consigam encontrar. Para contornar esta dificuldade em encontrar o hospedeiro, são as larvas de mosca que esperam que o hospedeiro passe por elas independentemente da hora do dia.

Uma outra estratégia extraordinária que merece ser mencionada é a produção de ovos especializados por parte de algumas espécies (ovos micrótipos). Estes ovos caracterizam-se por serem de muito reduzidas dimensões. Uma fêmea escolhe uma planta que esteja a ser usada por larvas de borboleta como comida e deposita aí os seus ovos. Como são muito pequenos, os ovos acabam eventualmente por serem ingeridos acidentalmente pelas larvas de borboleta eclodindo depois no seu aparelho digestivo.

Estratégia de oviposição Tipo de ovos Grupos Fecundidade (número de ovos por fêmea)
Indirecta ingeridos pelo hospedeiro (micrótipos) Goniini, Blondeliini 1000-6000
Indirecta incubados Tachinini, Dexiini, Polideini, alguns Exoristinae 500-8000
Directa (externa) incubados “Eryciini” (Exoristinae), Blondeliini (maioria), Voriini, Strongygastrini 30-600
Directa (externa) não incubados Phasiinae, Exoristiini, Winthemiini, alguns Blondeliini, Aplomya (Eryciini) 100-200
Directa (interna) incubados Blondeliini, Dexiinae 65-250
Directa (interna) não incubados Phasiinae, Exoristinae 100-200

Texto e fotos: Rui Andrade