Por Ricardo Ramos da Silva
Nas Ilhas Desertas do Arquipélago da Madeira, mais concretamente na Deserta Grande, vive uma espécie endémica, única no Mundo, que ilustra bem o trabalho que os nossos biólogos têm pela frente no que respeita ao conhecimento da nossa fauna.
O primeiro registo que se conhece desta espécie data de 1857 e deve-se ao naturalista Inglês John Blackwall que a denominou então Lycosa ingens. Em 1899, Kulczyn’ski transferiu-a para o género Trochosa e em 1955, Roewer para o género Geolycosa. Actualmente, esta grande espécie de aranha está incluída no género Hogna. Apesar da sua fama pelo grande tamanho, da sua área de distribuição tão restrita e de ser sempre mencionada como espécie emblemática das Ilhas Desertas, existem muito poucos estudos sobre a sua biologia. Como nos restantes membros da família, os ovos são postos numa ooteca que é carregada pela fêmea até que as crias nasçam. Sabemos que se alimenta de insectos e pequenos vertebrados e que se abriga debaixo de pedras como aliás, as restantes espécies deste género em Portugal mas nada mais. Frequentemente se encontram referências confusas mencionando esta espécie mas que provavelmente se referem a outros licosídeos das Ilhas da Madeira e Porto Santo. Mais um caso notório de uma espécie vulnerável que merece mais atenção e conhecimento da nossa parte. Texto: Ricardo Ramos da Silva |
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