A data da origem deste nome é desconhecida, mas o local está bem identificado e refere-se a uma antiga povoação italiana chamada Taranto.
Nesta região, acreditava-se que existia uma aranha cuja picada era capaz de produzir um estado de enfermidade grave em que a vítima sofria de dores, febres, suores intensos, delírios e tremores. As referências existentes divergem muito quanto ao verdadeiro perigo desta picada mas é certo que esta crença se espalhou rapidamente, principalmente pelo Sul da Europa até Espanha e Portugal de tal forma, que no século XVIII se produziam obras médicas sobre esta aranha, a sua picada e as formas de cura.
Tipicamente, a aranha a que se chamava então Tarântula, era uma aranha de tamanho médio, muito comum no sul, coberta de pêlos, de cor castanha ou acizentada com um padrão negro no dorso. Estas aranhas, são hoje espécies pertencentes aos géneros Hogna, Allocosa e Lycosa.
A picada desta aranha, supostamente, produzia um conjunto de sintomas que ficou conhecido como “tarantismo”. As curas para o tarantismo variavam muito de região para região, sendo aplicadas diversas mezinhas à base de plantas, mas, em casos extremos, era aconselhada a sangria (cortando uma veia grossa e deixando o doente sangrar para remover o veneno) ou a tarantela. Esta última, consistia numa música com ritmo vivo tocada principalmente em instrumentos de cordas (acreditava-se que produzia maior efeito curativo se os instrumentos fossem de cordas) ou em acordeão. A tarantela rapidamente evoluiu e divergiu da vertente curativa para se tornar, de acordo com alguns autores como uma forma popular de libertinagem.
Existem diversas publicações que confirmam o efeito curativo da tarantela contra uma picada de “tarântula” com diversos casos bem descritos. Aparentemente, as vítimas de picada por esta aranha, reagiam ao som da música e dançavam alegremente enquanto suavam abundantemente o que fazia o veneno sair do corpo. Estas observações levaram também a outras formas de cura que consistiam em fazer o doente suar, sendo aquecido em fornos ou em água quente.
Por finais do século XVIII e inícios do século XIX, várias foram as tentativas para descrever correctamente esta famosa aranha e os efeitos do seu veneno chegando-se várias vezes à conclusão que, na verdade, grande parte das picadas que se atribuíam a esta aranha podiam, de facto, não ser verídicas. Não se fazia uma identificação minimamente cuidada das aranhas e, basicamente, todas as picadas (de aranha ou não), poderiam facilmente ser atribuídas à Lycosa tarentula. Em termos médicos, foi abandonado o termo tarantismo e adoptado o termo araneismo, para os efeitos causados por picadas de aranhas.
Mas o nome permaneceu na memória popular, em crenças e canções.
Na América, o termo tarântula é aplicado a aranhas totalmente diferentes das Lycosa europeias. Existem poucas referências sobre a origem deste nome na América mas tudo aponta para que os descobridores e colonos espanhóis (que tinham bem presentes esta crença popular), tenham levado o nome e o tenham aplicado a todas as grandes aranhas que encontraram ou julgaram perigosas. O termo propagou-se e ficou rapidamente associado aos grandes migalomorfos da família Theraphosidae. Terá passado a fronteira do México para os E.U.A. e aí se enraizou na língua inglesa, onde passou a ser sinónimo de todas as aranhas da família Theraphosidae. Nos últimos anos, devido à grande mediatização e ao crescente número de adeptos da aracnofilia, a criação de aranhas em cativeiro, o termo generalizou-se a todas as espécies de migalomorfos, regressando agora a Portugal principalmente através do cinema e da Internet para substituir o termo ancestral.
Em aracnologia, o termo tarântula é tão ambíguo e inútil que não é usado. Correctamente, as aranhas dos géneros Hogna, Allocosa e Lycosa (conhecidas como tarântulas-europeias) são denominadas Licosídeos, nome em português que se refere à família a que pertencem.
As restantes, a que se refere o termo em inglês, denominam-se Migalomorfos ou Terafosomorfos (designação da Ordem).