Durante o ano de 2010 o Portal Naturdata – biodiversidade online e o Portal da Biodiversidade dos Açores lançaram a iniciativa “Top 10 das espécies Portuguesas”.
Pretendeu-se fazer uma pequena listagem representativa das espécies que por qualquer razão se destacaram como as mais emblemáticas de entre todas as descritas de Portugal entre 2000 e 2010.
As votações abertas ao público decorreram até o final do ano.
O público votou e escolheu. Recolheram-se 303 votos. As espécies seleccionadas contam com 5 aracnídeos, 2 insectos, uma lesma-do-mar, um peixe e uma ave. Aqui ficam as 10 espécies mais votadas:
1º Lugar:
Nome: Calma gobioophaga Calado & Urgorri, 2002
Nome comum: Lesma-do-mar-lusitanica Lesma-do-mar que se alimenta exclusivamente de ovos de peixes (Gobius niger) Links: |
2º Lugar:
Nome: Buthus ibericus Lourenco & Vachon, 2004
Nome comum: Escorpião-ibérico Espécie que até recentemente se confundiu com o ubíquo Escorpião comum (Buthus occitanus). Aparentemente em Portugal esta será a espécie mais comum de escorpião. |
3º Lugar:
Nome científico: Anapistula ataecina Cardoso & Scharff, 2009 Nome comum: Aranha-cavernícola-do-Frade Espécie descoberta em 2005 durante as actividades do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul, apenas descrita em 2009. Links: |
4º Lugar:
Nome: Achondrostoma occidentale (Robalo et al., 2005)
Nome comum: Ruivaco-do-oeste Espécie de peixe apenas conhecida de 3 ribeiras na Estremadura Portuguesa: Alcabrichel, Sizandro e Safarujo. É possivel que entretanto se tenha extinguido desta última. Links: |
5º Lugar:
Nome: Paraliochthonius cavalensis Zaragoza, Aguin-Pombo & Nunes, 2004
Nome comum: Pseudoescorpião-cavernícola-da-madeira Espécie cavernícola conhecida exclusivamente das Furnas do Cavalum, na ilha da Madeira. Esta espécie não possui olhos e tem membros especialmente alongados, características típicas das espécies troglóbias. Links: |
6º Lugar:
Nome: Amphiledorus ungoliantae Pékar & Cardoso, 2005
Nome comum: Aranha-de-Tolkien Espécie encontrada num único local perto da aldeia de Corte da Velha (Mértola). Links: |
7º Lugar:
Nome científico: Oceanodroma monteiroi Bolton et al., 2008 Nome comum: Paínho-de-Monteiro Espécie de ave descrita há apenas 2 anos, apesar de desde a década de 90 Luís Monteiro, biólogo que viria a falecer num acidente de avião em São Jorge em 1999, ter sugerido a existência desta espécie críptica na ilha Graciosa, Açores. Links: |
8º Lugar:
Nome: Iberesia machadoi Decae & Cardoso, 2006
Nome comum: Não tem Espécie mencionada desde os anos 40 pelo prof. António de Barros Machado, na altura sob uma identificação que veio recentemente a revelar-se errónea. |
9º Lugar:
Nome: Tethina lusitanica Munari et al., 2009
Nome comum: Mosca-das-dunas Esta pequena mosca com cerca de 2 mm habita as dunas costeiras portuguesas e foi encontrada pela primeira vez no final de 2008 nas praias da Apúlia, no concelho de Esposende. Visualmente é uma mosca muito atraente, com cores que lhe permitem mimetizar de forma extraordinária a areia envolvente. Apesar de boa voadora, esta espécie prefere deslocar-se através da areia; quando ameaçada, realiza voos curtos aproveitando-se da sua camuflagem para desaparecer uns centímetros mais à frente. Links: |
10º Lugar:
Nome: Ariasella lusitanica Grootaert et al., 2009
Descoberto pela primeira vez num terreno privado no Norte de Portugal, este pequeno insecto pode-se confundir com uma formiga devido ao seu pequeno tamanho e andar a grande velocidade pelo solo. Na realidade trata-se de uma espécie de mosca que no decurso da sua evolução perdeu a capacidade de voar ficando com as asas atrofiadas (o que é mais evidente nas fêmeas). Estas moscas são predadoras de pequenos insectos e um facto muito curioso é roubarem com frequência a comida umas das outras. Links: |
As restantes espécies que foram sujeitas a votação foram as seguintes:
Nome: Hemigrapha atlantica Diederich & Wedin, 2000
Nome comum: não tem
Fungo que vive exclusivamente dependente de uma única espécie de liquene (Sticta canariensis).
Distribuição conhecida restrita aos Açores e Ilhas Britânicas.
Nome científico: Ramalina azorica Aptroot & Schumm 2008
Nome comum: não tem
Espécie endémica dos Açores onde é localmente comum em rochas costeiras onde é vista (mas não reconhecida) por todos os visitantes incluíndo banhistas.
É uma das poucas espécies de líquenes que existem exclusivamente nos Açores já que os líquenes geralmente possuem vastas distribuições por se dispersarem através de esporos minúsculos
Nome científico: Trechus isabelae Borges & Serrano, 2007
Nome comum: Escaravelho-cavernícola-do-Algar-do-Morro-Pelado
Trata-se de uma espécie com uma distribuição muito restricta e que se destaca pelo local onde ocorre. Esta espécie de escaravelho cavernícola endémica da ilha de São Jorge possui olhos reduzidos, mas a despigmentação não é completa. É conhecida apenas do Algar do Morro Pelado na ilha de São Jorge, o mais profundo algar vulcânico dos Açores (com aproximadamente 140 m de profundidade), de estrutura geológica complexa, com várias aberturas e salas sobrepostas.
Nome científico: Turinyphia cavernicola Wunderlich, 2005
Nome comum: Aranha-cavernícola-do-Algar-do-Carvão
Trata-se de uma espécie com uma distribuição muito restricta e que se destaca pelo local onde ocorre. Esta espécie de aranha cavernícola endémica da ilha Terceira é conhecida apenas do Algar do Carvão Gruta de St. Maria e Gruta da Malha. É uma espécie relativamente comum no Algar do Carvão o mais expectacular algar vulcânico dos Açores e um dos mais importantes a nível internacional. Esta aranha de pequenas dimensões está adaptada ao ambiente cavernícola possuindo despigmentação e construindo as suas teias entre os orifícios das pedras basálticas.
Nome científico: Drouetius borgesi borgesi Machado, 2009
Nome comum: Gorgulho-das-árvores
Este gorgulho de grandes dimensões é uma dos insectos fitófagos mais abundantes nas florestas nativas de altitude da ilha Terceira. Trata-se de uma espécie com hábitos nocturnos, estando os adultos escondidos durante o dia no solo. No inicio da noite trepam às árvores e arbustos onde se alimentam das folhas. Pertence a um género endémico dos Açores (Drouetius) que é aparentado ao génereo Laparocerus que possui também muitas espécies endémicas na Madeira e Canárias.
Nome científico: Calacalles azoricus Stüben, 2004
Nome comum: Gorgulho
Gorgulho endémico dos Açores e da ilha do Faial. Esta é uma espécie relativamente rara, sendo conhecida apenas da Caldeira do Faial e que está associado às raízes da planta endémica dos Açores Tolpis azorica. Trata-se de uma espécie com hábitos nocturnos, estando os adultos escondidos durante o dia no solo. No inicio da noite saem para se alimentarem. Trata-se de uma espécie notável pela beleza das escamas que recobrem o seu corpo.
Nome: Phaedrotoma flaveola van Achterberg & Aguiar 2009
Nome comum: não tem
Espécie de vespa encontrada exclusivamente na Selvagem Grande. Devido ao pequeno tamanho, tendo sido recolhida em colheitas casuais pelo vigilante da natureza e naturalista Isamberto Silva, a sua biologia e modo de vida são desconhecidos