Stenella coeruleoalba Meyen, 1833

Golfinho-riscado ou toninha riscada (Açores e Madeira)

Morfologia de Stenella coeruleoalba

 © Francisco Martinho
 © Jaime deBrum

Informação detalhada sobre Stenella coeruleoalba

Descrição geral:

O golfinho-riscado é uma espécie pelágica comum em águas temperadas a tropicais de todo o mundo. O nome desta espécie provém de um padrão de linhas escuras (cinzentas) e claras (brancas) laterais e dorsais. Possui uma risca escura longa e fina que vai do olho até à região ventral posterior e uma outra risca mais pequena, que vai do olho até à base da barbatana peitoral. Possui um bico longo e escuro. Tal como os outros delfinídeos apresenta a região dorsal escura e a região ventral mais clara. Pode ser confundido com o golfinho-comum, no entanto o seu corpo robusto e o seu padrão de coloração é facilmente identificável.

Esta espécie pode oscilar entre os 1,8 a 2,6 metros de comprimento e entre 110 a 160 kg de peso, sendo que as fêmeas são ligeiramente menores que os machos.

Distribuição e Ecologia:
Comum em águas tropicais e temperadas de todo o mundo, com uma distribuição ampla mas descontínua. A sua distribuição tem como limites, em média, 50º a Norte e 40º a Sul.
Em alguns locais realizam migrações sazonais associadas a correntes oceânicas. Possivelmente tem várias populações geograficamente isoladas.  A população de golfinhos-riscados do mar Mediterrâneo é uma das maiores que se conhece, sendo esta espécie de golfinho a mais comum nesta região.
Em Portugal,  esta espécie está presente tanto no Continente, como na Madeira e nos Açores.
 
Ocorre ao longo da plataforma continental ou por vezes próximo da costa em zonas de águas profundas. Muitas vezes associado a zonas de convergência, influenciadas por fenómenos de upwelling. Mais comum em águas com temperaturas entre os 18 e os  22ºC.
Possui 40-55 pares de dentes afiados em cada maxila. Alimentam-se de uma grande variedade de peixes, crustáceos e cefalópodes pelágicos e bentónicos. A sua dieta varia de acordo com a área geográfica. É capaz de mergulhar a profundidades de 200 a 700 metros para encontrar alimento, tipicamente durante 5 a 10 minutos. Apesar dessa capacidade, a maior parte das capturas ocorrem no principio da noite, quando as presas estão durante a sua migração vertical diária à superfície.
Esta espécie tem como predadores naturais orcas e tubarões.
  
Reprodução: 
As fêmeas atingem a maturidade sexual entre os 5 a 13 anos de idade, enquanto que os machos só a atingem entre os 7 a 15 anos de idade. A época de reprodução é sazonal e a gestação pode durar de 12 a 13 meses. As crias nascem com 93 a 100 cm de comprimento. A longevidade é superior a 55 anos, tanto em machos como fêmeas.
 
Comportamento:
Podem formar grupos de 10 a 500 indivíduos, dentro dos grupos os animais podem segregar-se de acordo com o sexo ou com a maturidade sexual dos diferentes indivíduos.
Por vezes podem associar-se com outras espécies tais como os golfinhos-comuns e golfinhos-malhados.
São muito activos e acrobáticos realizando diversos saltos aéreos enquanto se deslocam. São bastante velozes podendo deslocar-se até uma velocidade de cerca de 28 nós. Não costumam interagir com as embarcações.
 
Ameaças:
Apesar de ser uma das espécies mais abundantes de golfinhos, em algumas zonas do Mundo as populações de golfinho-riscado têm vindo a decrescer nas últimas décadas, devido a caça directa (em especial no Japão) durante o último século, captura acidental em diversas artes de pesca (em especial as redes de cerco de atum e redes de emalhar), degradação do habitat, e em algumas zonas do Globo (ex. Mediterrâneo) elevados níveis de contaminantes tóxicos presentes tanto no seu alimento como nos seus próprios tecidos torna-os susceptíveis a diversas doenças.

Estatuto de conservação:
Dado que não é observado um declínio global, o golfinho-riscado apresenta desde 1996, o estatuto de “Pouco preocupante”, segundo a IUCN. No entanto, esta espécie encontra-se incluída no Anexo II da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção), no Anexo II da Convenção de Bona (Conservação das Espécies Migradoras Pertencentes à Fauna Selvagem) e no Anexo II da Convenção de Berna (Convenção Relativa à Conservação da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais da Europa). A nível da Comunidade Europeia, o golfinho-riscado é considerado uma espécie de interesse comunitário que exige uma protecção rigorosa para a conservação segundo a Directiva Habitats (Anexo IV).
Em Portugal, não existe informação suficiente para avaliar o estado/tamanho da população, assim possui o estatuto de “Informação insuficiente”. Mas o golfinho-riscado, tal como, todas as outras espécies de cetáceos está totalmente protegido por lei desde 1981 (Decreto-Lei nº 263/81 de 3 de Setembro), sendo proibido, nos estuários e na ZEE Continental, a captura, pesca ou abate de espécies de cetáceos que ocorram naquelas zonas.  Para além disso, a actividade de observação de cetáceos encontra-se legislada (tanto a nível do continente, como das ilhas). 
 

Distribuição de Stenella coeruleoalba em Portugal