Felis silvestris Schreber, 1777
Gato-bravo
Morfologia de Felis silvestris
Informação detalhada sobre Felis silvestris
Origem: Nativa
Endémica: Não
Invasora: Não
Protegida: Sim. Convenção de Berna e União Europeia (Directiva 92/43/EEC)
Explorada: Não
Perigosa: Não
Descrição geral da espécie:
Aspecto semelhante ao gato doméstico listado ou malhado, mas com um porte mais robusto. Pêlo liso ou listado e cauda tufada com 3 a 5 anéis pretos largos e espaçados na ponta. Olhos grandes e geralmente verdes.
O comprimento médio cabeça-corpo varia entre 48-68 cm e o da cauda entre 21-38,5 cm.O dimorfismo sexual é muito atenuado, os machos são ligeiramente maiores e mais pesados do que as fêmeas. O peso médio de um macho ronda os 5 kg (atingindo no máximo 7.7 kg) e o das fêmeas 3.5 kg (máx. 5kg), ambos com variações sazonais.
O gato bravo acasala no final do Inverno e na Primavera e os nascimentos ocorrem entre Abril e Setembro com um pico no mês de Maio. Têm apenas uma ninhada por ano.O período de gestação varia entre 63 a 69 dias e as ninhadas podem ter entre 2 a 6 crias (em média 4). As crias nascem cegas, com pêlo e com um peso entre 100 a 163g.O desmame ocorre 2 a 5meses após o nascimento. Apenas a progenitora cuida das crias. As fêmeas alcançam a maturidade sexual entre os 9 e os10 meses de idade e os machos12 meses após o nascimento.O cruzamento com gatosdomésticos(Felis catus) pode ocorrer levando à formação de indivíduos híbridos viáveis. A sua longevidade máxima em estado selvagem é de 11 anos.
Comportamento:
O gato bravo é uma espécie de hábitos crepusculares e noturnos. São animais solitários e territoriais (excepto durante o acasalamento). As fêmeas são sedentárias e exclusivamente territoriais, vigiando o seu dominio vital com mais frequênciado que os machos. Existe a sobreposição dos domínios vitais entre machos (especialmente indivíduos jovens) e fêmeas. O domínio vital varia em média entre 2 e 12 km2 sendo maior nos machos. A comunicação entre os indivíduos é feita por meio de miados, rosnados, ronronares,expressões corporais e marcações territoriais (pulvurizações com urina, secreções da glândula anal, excrementos).
O gato bravo é um animal carnívoro. Os roedores e os lagomorfos (lebre e coelho) constituem as principais fontes de alimento. No entanto, aves, pequenos répties e invertebrados são fontes de alimento alternativo quando as presas principais são pouco abundantes ou estão ausentes. Necessita em média entre 400 a 500 g de alimento para suprir as suas necessidades energéticas diárias. Na Península Ibérica, diversos estudos demonstram que o habitat preferencial da espécie é constituido por um mosaico de matagal mediterrânico, prados,florestas e bosques caducifólios associados a linhas de água.A espécie é encontrada em áreas com baixa densidade humana evitando estradas e áreas de agricultura intensiva.
Distribuição:
A sua distribuição na Europa é ampla mas fragmentada. Na Europa Ocidental, a subespécie Felis silvestris silvestris está presente no Norte da Escócia, Oeste da Alemanha, no Luxemburgo, Sul da Bélgica, Nordeste de França e Península Ibérica. Em Portugal está ausente nas ilhas e é residente em território continental, encontrando-se presente de Norte a Sul do país com exceção da região litoral do Norte e Centro e no litoral do Algarve. Desconhece-se a sua tendência populacional.
Estatuto de conservação e ameaças:
Outrora amplamente distribuido por todo o continente europeu, esta espécie sofreu uma redução significativa na sua àrea de distribuição original devido à caça, perseguição direta e armadilhagem. Actualmente, as ameaças mais importantes são a destruição e fragmentação do habitat e a hibridação com o gato doméstico (Felis catus). O gato bravo é ainda vulnerável a patologias transmitidas pelo gato doméstico. A nível europeu é classificado como pouco preocupante pela IUCN Red List e como uma espécie estritamente protegida pela Convenção de Berna e pela União Europeia (Directiva 92/43/EEC). Em Portugaltem estatuto de vulnerável, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados.
Referências:
Cabral M.J. 2006. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Assírio e Alvim.
Directiva 92/43/EEC. Disponível em http://ec.europa.eu/environment/nature/conservation/species/guidance/index_en.htm
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