Erignathus barbatus (Erxleben, 1777)

Foca-barbuda

Morfologia de Erignathus barbatus

Esta foto não foi obtida em Portugal © Mike Pennington
Esta foto não foi obtida em Portugal...

Informação detalhada sobre Erignathus barbatus

Origem: Nativa. Não residente com avistamentos esporádicos nas águas portuguesas e apenas no norte.
Endémica: Não.
Invasora: Não.
Protegida: Sim. Anexo III Convenção de Berna.
Explorada: Não. Na sua área de residência é caçada pela carne, gordura e pele.
Perigosa: Não.

A foca-barbuda ocorre em águas pouco profundas da plataforma continental. A disponibilidade de plataformas de gelo é o principal factor que determina a sua selecção de habitat. É geralmente encontrada em áreas com fragmentos de gelo flutuante, seleccionando preferencialmente os fragmentos de pequenas e médias dimensões. Ocorre a baixas densidades e apesar de efectuar grandes deslocações, não é considerada uma espécie migradora.Não forma colónias, masos indivíduos podem agrupar-se quando o gelo é escasso, geralmente durante a época de muda (entre Junho e Julho). Alimenta-se a profundidadesbaixas e a sua dieta inclui vários tipos de presas (peixes,moluscos e crustáceos bentónicos). Os bigodes são usados para procurar alimento nos sedimentos do solo marinho. A comunicação entre os indivíduos é feita através de vocalizações que são também uma importante componente do acasalamento, tendo a função de atrair as fêmeas e de estabelecer territórios ou áreas de exibição. Os indivíduos adultos mergulham geralmente até aos 100 m de profundidade e a maioria dos mergulhos dura em média 10 minutos (a duração máxima ronda os 20-25 minutos).Em plataformas de gelo muito densas podem escavar buracos até à superfície, para respirar.

Os acasalamentos ocorremna água, em meados de Maio, mas por ter implantação diferida (a implantação dos embriões no útero é retardada entre 10 a 12 semanase o desenvolvimento embrionário fica suspenso) os nascimentos só ocorrem em Abril-Maio do ano seguinte.O período de gestação dura cerca de 8 meses. Têm apenas uma ninhada com uma cria por ano.O intervalo entre as ninhadas varia entre 1 e 2 anos. As fêmeas deslocam-se para plataformas de gelona altura do nascimento das crias. As crias nascem em média com1.3m de comprimento e com 33 kg de peso. Nascemcom uma lanugem cinzento-azulada,aptas a vocalizar e começam a nadar poucashoras depois. Durante o período de lactação, as fêmeas adultas passam cerca de 90% do seu tempo na água, metade do qual longe da cria, a alimentar-se. O desmame ocorre 18 a 24 diasapós o nascimento, quando as crias já pesam cerca de 100 kg. Apenas a progenitora cuida das crias. As fêmeas alcançam a maturidade sexual aos 5 anos de idade e os machosum pouco mais tarde, por volta dos 6-7 anos.A sua longevidade em estado selvagem varia entre 20a 30 anos.

Distribuição e abundânica
A sua distribuiçãoé ampla mas fragmentada em toda a área circumpolar ártica e subártica, a sul da latitude 85°N. Desconhece-se a sua tendência populacional global actual. A sua abundância é influenciada positivamente pelos níveis de produtividade primária, de biomassa bentónica e pela disponibilidade de gelo. O urso polar é o principal predador natural da foca-barbuda. As crias são também predadas por orcas, morsas e ocasionalmente por tubarões. Em Portugal a presença desta espécie é ocasional. Os animais detectados são oriundos de regiões do Norte da Europa, sendo mais comum a ocorrência de juvenis, que dispersam a partir dos locais de nascimento.

Estatuto de conservação e ameaças
É uma espécie protegida pela Convenção de Berna (AnexoIII) eclassificada como pouco preocupante pela IUCN. A sobreexploração é a ameaça mais importante. Esta espécie tem sido alvo de caça local com carácter de subsistência há milhares de anos, uma prática que continua actualmente um pouco por toda a região do Ártico (praticada por povos do Alaska, Canadá, Gronelândia, Rússia, entre outros). As alterações climáticas são também apontadas como uma importante ameaça para a espécie. O aquecimento global está a causar reduções nas calotas de gelo no Ártico pelo que se prevê um impacto negativo na foca-barbuda uma vez que esta espécie depende das plataformas de gelo para se reproduzir e descansar. A acidificação dos oceanos é também apontada como possível ameaça pelo impacto negativo que terá sobre a disponibilidade de presas.