Denisia piresi Corley, 2014

Borboleta

Informação detalhada sobre Denisia piresi

Descrição:
Envergadura 8-8.5 mm. Cabeça escura. Segmento 2 do palpo labial escuro, esbranquiçado por baixo, segmento 3 muito escuro, esbranquiçado na base e em todos os do lado interno. Antena muito escura, base sem pecten. Tórax escuro, tegulae de pontas esbranquiçadas. Asa anterior preto fusco, escamas esbranquiçadas espalhadas por todo o lado formando manchas mais distintas no ápice, e no dorsum a 1/4, e fáscias indistintas ou obsoletas a 1/4 e 1/2, uma mancha branca evidente no tornus e uma maior na costa a 4/5; cílios fuscos. Asas posteriores cinza escuro; cílios cinzentos. Abdómen cinzento-escuro.
Variação: Apenas material muito limitado foi analisado, mas a extensão em que as escamas brancas espalhadas formam manchas na parte costal e no dorso e fáscias indistintas variam entre espécimes e até mesmo entre uma asa e outra num único espécime. Genitália masculina. Uncus termina em dois pontos divergentes com um sinus intermédio. Gnathos amplo com ápice pontiagudo. Valva amplamente arredondada no ápice com uma crista curta com cerdas longas sob a costa, sacculus amplo. Saccus arredondado.
Lóbulos juxta fortemente recurvados junto à base, quase tão longos como a valva. Phallus levemente descendente, relativamente amplo. A direção dos lóbulos juxta depende da preparação. Fêmea. Desconhecido.

Diagnose:
A espécie é caracterizada pelo seu pequeno tamanho e falta de coloração amarela. Os longos lóbulos juxta que curvam através 90? perto da base são característicos.

Distribuição: Apenas se conhece de duas localidades no noroeste de Portugal, nas províncias da Beira Litoral e Douro Litoral.

Biologia:
Os exemplares encontrados e que serviram para a descrição da espécie foram atraídos à lâmpada de vapor de mercúrio em Abril e Maio. Os locais onde a espécie foi encontrada situam-se em colinas a pouca altitude. Ceira (Coimbra) está a cerca de 100 m (acima do nível do mar). O local da colheita encontra-se nos limites da povoação e próximo de uma área plantada com Pinus pinaster. Valinhas, a 280 (acima do nível do mar), trata-se de um pequeno bosque de Quercus robur cercado de plantações de Eucalyptus. Muitos dos carvalhos são senescentes com alguma madeira morta nas árvores, mas pouca no chão. A larva de D. piresi é desconhecida, mas provavelmente alimenta-se de madeira morta ou debaixo da casca, tal como as outras espécies de Denisia Hübner, 1825.

Origem do nome:
O nome da espécie é um adjetivo no caso genitivo honrando Pedro Pires, que coletou os primeiros exemplares e em reconhecimento pela sua contribuição para o conhecimento dos microlepidópteros portugueses.

Observações:
O género Denisia foi circunscrito de forma diferente por vários autores no passado, mas atualmente inclui as espécies que antes eram colocadas em Buvatina Leraut, 1984 e Chambersia Riley, 1891. Existem cerca de 24 espécies, 19 delas ocorrem na Europa e as espécies adicionais no Norte de África, Turquia, no Cáucaso e duas na América do Norte. Leraut (1989) representou a genitália masculina de 13 espécies no género, juntamente com duas espécies de Buvatina Leraut. Os desenhos das genitálias ou as descrições de todas as espécies conhecidas foram estudadas, mas a D. piresi não pertence a nenhuma delas. A D. fiduciella (Rebel, 1935) ainda não tem a genitália representada em lado nenhum. A partir da sua localidade tipo, Sierra de Gredos, em Espanha, foi particularmente importante para compará-la com a D. piresi. No entanto, a partir da descrição original é claramente muito diferente de D. piresi com a cabeça e os palpos amarelos e marcações longitudinais na asa anterior.
Os parentes mais próximos de D. piresi, com base na genitália masculina, são, provavelmente, D. subaquilea (Stainton, 1849), D. augustella (Hübner, 1796) e D. albimaculea (Haworth, 1828), mas estas são claramente diferentes em tamanho, com marcações nas asas anteriores e nenhuma delas apresenta lóbulos juxta tão fortemente desenvolvidos.

01/2015 - Texto completo escrito por Fernando Romão