Aquila fasciata (Vieillot, 1822)

Continente: Nativa.

Ciclo de vida:

Águia de médio porte cujas asas bastante largas e arredondadas, cauda comprida e cabeça proporcionalmente pequena, lhe conferem um aspecto poderoso. Em voo a águia de Bonelli mantém as asas planas com os dedos (primárias) pouco evidentes. O seu voo deslizado é bastante característico, com a zona carpal muito puxada para a frente.

Os adultos distinguem-se pelo seu contraste entre o corpo claro e as asas e cauda predominantemente escuros. As penas de voo são cinzento-escuro, mais claras na base e escurecendo para a extremidade. As grandes coberturas infra-alares são pretas enquanto as restantes coberturas são brancas pintalgadas de preto. As penas da cauda são cinzentas e distingue-se uma banda terminal negra. Por cima, os adultos são castanhos e possuem uma mancha branca bastante conspícua, mais ou menos variável, na parte superior do dorso. As fêmeas são maiores que os machos. Até à idade adulta (4-5 anos) distinguem-se três plumagens: juvenil, imaturo e subadulto. Os juvenis têm uma coloração clara, predominantemente fulva e pouco contrastada; a cauda não apresenta banda terminal, e não possuem mancha dorsal. Nas plumagens de imaturo e subadulto as aves apresentam características intermédias entre a primeira plumagem e a de adulto.

A espécie estende-se ao longo da faixa Sul da região Palearctica, região Indo-malaia (incluindo a Indonésia) e Sul da península Arábica. Em Portugal a águia de Bonelli ocupa especialmente as zonas serranas do interior e Sul do país. Também ocorre na Estremadura. Escolhe principalmente áreas montanhosas com mosaicos de floresta, matos e áreas agro-pastoris. Frequenta também bosques maduros perto de zonas urbanas com perturbação moderada (por exemplo, região da Estremadura). No Norte de Portugal, à semelhança do resto da Europa, a espécie constrói o ninho em habitat rupícola, enquanto no Sul os ninhos são construídos quase exclusivamente em árvores de grande porte. A população arborícola do Sul de Portugal distingue-se em termos genéticos das populações rupícolas do resto da Europa, reflectindo algum isolamento, possivelmente resultante, das diferenças comportamentais associadas à escolha do local para construção do ninho.

A águia de Bonelli encontra-se em Perigo (EN). É uma águia que beneficia dos habitats agrícolas tradicionais e era abundante até aos finais da década de 70. O abandono agrícola e a intensa perseguição humana teve um forte impacto nas populações desta ave tendo levado à sua regressão. Actualmente, os esforços de conservação apontam para uma tendência desta espécie.
 

Bibliografia

• Palma 2010: A Águia de Bonelli no Sul de Portugal.
• Forsman 2006: The Raptors of Europe and the Middle East.
• Equipa Atlas 2008: Atlas das Aves Nidificantes em Portugal.
• Cabral (coord.) e outros 2006: Livro Vermelho dos Vertebrados de Protugal.