Aquila adalberti Brehm, 1861

Águia-imperial-ibérica

Morfologia de Aquila adalberti

 © Faísca
 © Patrícia e Luís

Informação detalhada sobre Aquila adalberti

Águia de grande. Distinguem-se 5 padrões de plumagem até à característica plumagem das aves adultas. Os juvenis de primeiro ano distinguem-se pela sua cor castanho-clara (por vezes quase ocre) que contrasta com as penas de voo e com as penas da cauda que são pretas. Mesmo à distância é possível distinguir as primárias 1-3, que são mais claras que as restantes remiges, e formam uma janela característica. As aves vão alterando o aspecto da sua plumagem ao longo dos anos, passando por várias plumagens pardacentas nas quais o aspecto negro característico dos adultos vai, aos poucos, dominando toda a plumagem. Os adultos (>5½ anos) são totalmente negros com a parte de trás da cabeça castanha e umas manchas claras muito conspícuas nos ombros, que se estendem ao longo do dorso (escapulares) de forma mais ou menos variável. A cauda é acinzentada com uma larga banda subterminal negra.

Os estudos genéticos recentes referem que a águia-imperial é uma espécie recente, apontando para a divergência da Águia-imperial Oriental (Aquila heliaca) no final do Pleistocénico ou início do Holocénico. A separação da espécie terá resultado da sedentarização de indivíduos na Península Ibérica por especialização da dieta em coelho (Oryctolagus cuniculus), uma espécie muito abundante durante todo o ano nos ecossistemas mediterrânicos. Este fenómeno terá proporcionado a antecipação da época reprodutora, isolando estes indivíduos de outros indivíduos migradores, resultando na formação da nova espécie.

Actualmente a águia-imperial está restrita como reprodutora à Península Ibérica (existem registos de juvenis em dispersão no Senegal). Em Espanha pode-se identificar cinco grandes núcleos reprodutores que se referem a (1) Serra de San Pedro e Monfragüe, (2) Serra de Guadarrama, Serra de Gredos e Vale do rio Tiétar, (3) Toledo, (4) Serra Morena e (5) Doñana. Em Portugal, os casais nidificantes encontram-se no leste da Beira Baixa e do Alentejo, na continuação do grupo reprodutor da Serra de San Pedro e Monfragüe. 

A espécie ocupa zonas de mosaico de montado, matos mediterrânicos e áreas abertas cerealíferas e pastagens. O coelho é a presa principal pelo que a abundância desta espécie é essencial para a Águia-imperial.

O ciclo reprodutor da águia-imperial tem início em Novembro e Dezembro com as exibições nupciais, que reforçam os laços do casal, e com a defesa “intensiva” do território. Em Janeiro pode-se observar a (re)construção dos ninhos. Os ninhos são construídos no topo de grandes árvores como azinheiras e eucaliptos (existem casos de nidificação em postes de alta-tensão). A postura tem lugar durante o mês de Março e são postos 1 – 4 ovos. A incubação, que é assegurada praticamente pela fêmea, inicia-se quando o primeiro ovo é posto e dura cerca de 41 dias. Com nove semanas os juvenis têm a plumagem quase completa e com 11 semanas de idade iniciam os primeiros voos. Os juvenis deixam o ninho em Agosto e dispersam para outros locais. Estudos indicam que cerca de metade dos juvenis retornam aos locais onde nasceram (filopatria) e reproduzem-se pela primeira vez nas imediações do território parental. A espécie estabelece par e defende território em média aos 3½ anos e faz a primeira postura um ano depois. 

A águia-imperial é uma espécie que está Criticamente em perigo (CR), com uma população mundial calculada em cerca de 200 casais reprodutores. Em Portugal esta ave esteve extinta como nidificante desde meados da década de 70 até 2003 quando foi redescoberta a nidificar na zona do Tejo Internacional. Durante as duas últimas décadas os esforços de conservação desta espécie em Espanha tiveram resultados muito satisfatórios e a espécie está actualmente em expansão. A elevada capacidade dispersiva e de assentamento da espécie preconizam um futuro estável para a espécie. Portugal beneficiou destas acções e a população tem aumentado nos últimos anos. Em 2005 a população nidificante em Portugal foi calculada em 5 casais.

Bibliografia

  • González e Margalida 2008: Biología de la Conservatión del Águila Imperial Ibérica (Aquila adalberti).
  • Equipa Atlas 2008: Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005).

Distribuição de Aquila adalberti em Portugal